segunda-feira, agosto 20, 2012

Eu sei hoje em dia


Faço, refaço palavras sem rumo
Com regras impróprias com pouco pudor
Não sigo uma linha amasso o papel
Talvez o coração disperse esta dor.

O breve pode durar para sempre...
Sou lacônica pedra perdida
Sem cria de limo a rolar pelo chão.

Escrevo, não sei se palavras cansadas puídas
Sou frases perdidas sem efeito, rimas sórdidas.
Só sei da poeira de todos teus passos
Ignoro o lirismo morto de hoje sem saída.

Sou pedra perdida de lirismo morto.
Cansei ser silêncio não sei nem porquê
São versos num grito
De velhos velórios
Afônico destoado na multidão a viver.

Uma hecatombe em mim mesmo que explode
Que sai
            Que cai
                        Uma pena sem barulho a bater pelo chão
                                                                     [que eclode.
Cansei em algum dia,
não sei qual o dia
A cor da minha roupa preteou,
do jeito que sou
                                                            [se sou.

Cansei da canção
que não envolve meu medo
Cansei da harmonia
de andar contramão.

Sou pedra perdida
Caída
Rolada
Vencida
Puída
Rendida
Perdendo granito
Meus ais
Teus mais.

Não sei do meu risco
Não conheço o meu chão
Perdi a harmonia
Da tua canção.

Pensei na tua hora
Na hora do adeus
Sorvi minhas lágrimas
                           [duro
Perdi o meu chão
Chorei como Orfeu
      [escuro.
  
Há vida lá fora
Há dias sem fim
Degradei tuas pistas
Tuas falsas verdades.

Sou pedra perdida
Jogada do muro
Tristesse rendida
Um fio no escuro.

E se fui algum dia
Tormento de alguém
Não tenho mais nada que um reles cigarro.
Não tenho mais nada
Nem terra batida.
Das tuas vontades ganhei teu escarro.

A menina que dorme
No quarto ao lado
Um mundo que esqueço
Irrecuperado.

Se eu falo atrapalho não condiz
E sei do teu pífio opróbrio.
Que o teu amor bem se quis
Do meu não saber
e dele dizer que não foi tão notório.

Vestiste de santa e queres morrer-me.

E a velha canseira
O espírito que dorme
Minha alma trancada
Cresci sempre assim.

No leito me deito
Sou pedra perdida
Poema sem efeito
Depois que escrevo: Morri!

Não volto sem medo
Não volto, porque assim não me quis
Não volto não acho não volto
São portas de sonhos
Eu sei do que diz.

Escrevo com sangue do pulso escorrendo
Batendo no peito o punho cerrado
Disfarço meus medos se ainda há tempo
Exijo proponho de ti um legado.

Não tenho mais tempo,
Trinta e um anos!
Lanço à sorte em uma jangada
Estes parcos e serenos anos
Passaram-se as vidas setenta vezes
                                                  [sete
Quais tantas que tenho se queres te dou.
  
Mato-me no ato
Do ato perfeito
Porém me refaço
Eu sei do teu jeito.

Do escombro sou pedra perdida
Um pouco do pouco
Restou do teu gosto bandida
Um resto entornado dum louco.

Não sei nem ao menos
Se em uma lembrança
Farei meus poemas
Contigo esperança.

Sou pedra perdida
Que rola sem limo
Na água rasante
Retém meus respingos.

O breve é para sempre...
Sou pedra perdida de mim sou
[anseio
Restei em raspas das paredes
que cobriam teus medos.

E por tu, mera santa
Sou pedra perdida
Que atiras à frente.

Sou pedra perdida
Sem limo
            Múrmuro
Roleio.

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