sexta-feira, maio 25, 2012

Uma balada solitária.


Teus olhos.
Esvoaçam-se nas mais ternas alegorias....
Um mar revoluto de solidão e amor,
De mel, doce, terno. 
Esse teu mar me enfeitiça.

E por isso para não pensar em você,
Resolvi te inventar,
Sim. Somente deste modo eu poderia ser dono
Das minhas vontades,

Poderia moldar um beijo teu,
Poderia inventar teu perfume,
Poderia esculpir tuas mãos de menina,
Tudo seria o que mais de ti eu gostasse...

Mas porque, ainda não sei,
Ainda assim, tudo saiu errado,
Algo continua a gritar e pular aqui dentro de mim,
Quando ao longe te avisto.

Não sei, sei lá, sei lá...
Eu sinto que é assim que eu vou me entregar,
E o meu erro é saber que te gravei na ponta dos meus dedos,
E na rasura dos meus pensamentos,
Essa foi a sentença que eu assinei sem saber,
Quando sorvi os teus beijos.

Foi pensando em te escrever um poema,
O qual eu sei que nunca você irá o ler,
Que essa entoação de uma balada solitária,
Será cantada vezes por mim sozinho a pensar em você,
Olhando teu nome no papel esquecido no final de um livro.

Foi pensando em te escrever esse poema,
Que eu pensei em reafirmar toda a minha sina de poeta,
O coração em dor novamente escrever minha própria vida,
E assim o ser sempre, o revés para o cadafalso,
Até que se faça término minhas mais raras expectativas.

Mas o fato é que por entre este poema,
Há uma estrofe que insiste em se dizer,
Que insiste em se proclamar,
Que insiste em se dizer você.

sexta-feira, maio 11, 2012

É tarde

Eu já havia esquecido o quanto isso dói, perturba, te tira o sono, deixa sem calma, desordena a continuidade da tua respiração, tira a fome, tira a sede, vontade de ir ao banheiro é somente pra ficar lá, trancado, sentado no chão frio, falando sem saber o quê, no escuro, para o escuro, não passando de uma criatura ridícula. Eu não esqueci do que é passar por isso, e de muito menos do tempo que pode durar. Nunca é pra sempre, e nunca será, é apenas para durar o tempo necessário, e quanto menor o tempo de permanência em você, parece que o filho da puta tem maior proporção e te rasga por dentro, lentamente, paulatinamente, sem dó, te fode, fode mesmo, e te deixa torto, desconexo, boca seca, um metro e oitenta e três de escombros, feito um prédio desmoronado. Mas não lembrava o bastante pra correr quando ele aparecesse na esquina. Merda, eu fui ao encontro, eu falei oi, eu olhei no fundo dos olhos dele, eu disse: e ai, vamos ali tomar uma cerveja? A partir de então você passa a respirar desordenadamente, as mãos suam mais do que o normal, os bolsos ficam úmidos de acalentá-las. Ele te dá uma prova do que se poderia ter, mas é como crack, dura apenas um curto tempo, só pra te deixar com vontade de mais, que isso durasse mais tempo, um minuto que fosse a mais. É sem esperança, tudo sem atrativos. Parece que as horas não passam, todo mundo fica com cara de gordura velha, odor de naftalina, andam feito ratos nas sarjetas, e eu tenho vontade de cuspir em todas elas, eu tenho, se tenho. Paciência, o que é isso? Não há saída, nem pra onde correr, somente do 13º andar torna-se tão atrativo lá embaixo, reler todas as mensagens recebidas, saber que algo tão forte assim como nasceu, definhou, e num estalar de dedos pontinho verde de um teclado qualquer estúpido e insensível, vai te transformar em um homicida de dias bonitos pro resto da tua existência. Amor, sorte dos infernos, eis-me aqui!

segunda-feira, maio 07, 2012

Prefiro


Se somente for, nos sonhos que te sinto presente,
E no entristecer da tarde, na relva te acho perdida,
Musa dos meus sonhos, meu luar reluzente,
Como farei para me livrar desta triste vida?

Se somente for, nas lágrimas que sinto o sabor do teu beijo,
E teus afagos que pelo vento vem a tocar o meu rosto,
E faz-se o amor esbravejar como o mar dentro do meu peito,
Como farei nesses sonhos sentir o calor do teu corpo?

É bem verdade que a distância me faz querer-te mais,
E teus beijos os valores para mim se multiplicam...
É na tristeza desses versos que por ti corro atrás,
Minha angústia e o meu amor por ti se solidificam.

E quando será que as horas se tornarão precisas?
E nosso encontro o tempo fará acontecer?
Será como o Sol a beijar a Lua...
Será como na tarde abraçar o amanhecer.

Se o amor que tenho e por ti sinto,
Não me dá a trilha do teu caminho,
Não o quero;
Não o vivo;
Não o sinto.
Perdoa-me então, quero morrer sozinho!

Vivendo no ócio do obscuro vazio,
Escolho a cela mais fria que houver!
A ranger os dentes, sem teu calor morrer de frio,
Prefiro sem ti, na alma habitar a dor mais sofrível que houver.

Prefiro a morte a galopar por entre a minha dor,
Cavalgando a esmo, a me atirar contra os rochedos...
A maltratar meu coração puro e sem valor,
A tudo isso eu prefiro...
Do que viver sem sentir o sabor dos teus beijos.