quinta-feira, maio 26, 2011

Se fosse.


 Ah, que saudade eu tenho das noites solidão!
Que éramos nós, uma só boca num só corpo.
Que saudade eu tenho dos beijos demais,
Das minhas, das tuas aventuras,
Saudades demais, saudades... em mim transfigura!

Ah! que saudade eu tenho dos teus, dos meus
Abraços em ti, em si sustenido bemol;
Que saudade eu tenho das mãos lisas,
Da pele escura, firme, tensa, tenra.

Ah! Que saudade eu tenho do teu pé,
Que saudade eu tenho dos teus seios,
Cálidos seios, tão seios, seus meus, beijos seios,
Macieira dos meus desejos, inteira sereia na areia.

Ah! que saudade eu tenho da forma!
Da linha curvilínea, das tardes de domingo,
Da boca irrequieta, sorvendo uma a outra,
Do teu umbigo, das tuas coxas, do teu colo.

Ah! que saudade do céu, do mar, do ar
Rarefeito suspeito em teus cabelos...
Saudade de o teu caminhar,
De o teu dançar no meio da calçada.

Que saudade eu tenho do brilho,
Das noites ofuscadas por ti,
Que saudade eu tenho do teu sabor,
Da tua morenice marota carinhosa.

Que saudade eu tenho da tua presença,
Que saudade eu tenho da tua companhia,
Da tua harmonia, da tua simpatia,
Que saudade eu tenho do teu ciúme.

Que saudade eu tenho de sentir esta dor,
Saudade da certeza de que não se completaria,
Saudade do que era um instante completo,
Sempre que nos beijávamos.

Ah, que saudade!
Saudade do que não fomos,
Saudade do que ficamos,
De onde paramos,
Duas vidas unidas,
Que se encurtaram...
E se apartaram.