terça-feira, agosto 28, 2012

Alma Peregrina


É tanto amor...
Chega a inventar que é desespero,
É aquele hálito do deserto
Na alma a crepitar.

A morte que vigia.
O corpo levemente áspero.
Copo e corpo estilhaços.
O vento a passear.

Alma peregrina me iludiu,
Roubou o que tanto eu guardava,
Agora passa ao longe,
Perto poderia estar.

Por onde andas minh’alma?
Aonde vais ao longe!
Alma peregrina
Perto podes ficar.

É tanto amor,
É tanto amor,
Que chega fora do corpo habitar.

É tanto amor,
É tanto amor
Que a alma peregrina,
Riste, triste, viste
Vai ao longe te buscar.

É tanto amor,
E que nasce sem ter
Seio para o alimentar
Cresce sem esteio,
Sem alimento para o saciar.

É tanto amor
Nasce de fonte a secar,
Esperança que se esquece
Menino problema sozinho cresce,
Amor perdido a germinar.

É tanto amor
Da alma que se apossa,
É brandura que goteia
Rio sem nascente,
Sem prumo, sem curso, destino,
Nem aonde vai desembocar.

É tanto amor
Que se alojou no estreito,
Dentro do peito de um jeito,
Não há como tirar.

Foi um tiro sem erro, nem compaixão.
E depois só me deixou essa graça triste,
E o desastre em minha mão não viste,
A queda que tanto vivi a sonhar.

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