Eu não consigo. Simplesmente
eu não posso, nem devo. Eu sei que também nem quero. Não posso querer estragar
tudo e tentar fazer algo pra te mostrar o quanto você me tocou. Nessas horas
ser poeta nem vale de nada. Eu só sabia te abraçar. É isso que eu faço, no meio
de situações que pedem palavras eu me calo, só sei abraçar, e é isso. Mas eu
faço, abraço e aperto as pessoas contra o peito, o que faz com que algumas até
estranhem, e tentam se afastar rapidamente, mas é que eu quero que sintam o
pulsar do meu peito, que naquele momento saibam que é forte, sabe? É por isso
que eu abraço forte, calado, mas forte, pra que sintam meu peito bater, porque
o coração também fala, saca?
O seu gesto foi tão
lindo. Lindo e aterrorizador, sim, porque você me deixou aterrorizado, diante
de um gesto tão enorme, e eu sentado naquele banco de praça me senti tão
pequeno, um menino indefeso, olhando nos teus olhos, com o teu comportamento
que te denunciava tentando mostrar que foi um feito tão simples, natural, mas
tão sincero. Um amor sincero, grande, enorme, colossal. E daí? Eu fiz, e se ele
for embora, fica uma tatuagem, cravada na minha pele, como o amor cravado no
peito dele. Você disse. Tão natural assim, você fala.
Naquela hora da
mensagem, você já havia feito. E você se mostrava toda natural, engraçada. E eu
lembro que a mensagem era a letra de uma música que me recuso a dizer qual de
tão ruim que era. Foi hilário, e eu te amei, ali, diante daquela mensagem de
música ruim. A verdade é que cenas tão marcantes que fazem as pessoas
constatarem o amor que sentem, são cenas esporádicas, que no final de suas
vidas podem contar quantas vezes aconteceu isso apenas nos dedos de uma só mão,
fácil, fácil, de tão poucas que foram. O que pra mim seria muito difícil dizer,
numerar, selecionar. Toda hora você me faz pensar e constatar isso: Eu te amo.
E eu te amo inúmeras vezes ao dia, eu te amo sempre, e você não me deixa
esquecer isso, pelo simples fato de eu sentir que você é parte de mim. Se eu
sussurro o seu nome sozinho, sinto que te amo; se eu lembro dos seus olhos
concentrados, novamente eu te amo; se eu lembro do seu ressonar, eu lembro que
te amo; se eu penso na sua mão grudada na minha sem reclamar do meu suor, eu
sinto que te amo; quando você me chama de “meu poeta”, eu morro de te amar,
porque eu só quero ser somente seu. E se você beija meu ombro?! Ah! Eu não
apenas sinto, mas desejo com todas as minhas forças que nós dois velhinhos você
ainda faça isso.
Está tudo quieto, e
vem você e de uma maneira súbita e distinta me faz perceber o quanto eu te amo.
Em tão pouco tempo eu tenho várias cenas guardadas, que eu te amo, eu te
venero, eu te necessito, minha vida. E não é difícil perceber que não foi só o
gesto, você se autodeclama, você se faz no próprio amor que eu sinto. É difícil
explicar isso. É como quando eu estou deitado, e de olhos fechados eu estico o
braço e esbarro no teu corpo, isso me faz tão bem que penso sonolento, ah eu
amo! E volto a dormir, ou quando eu finalmente lembro de terminar um poema,
leio e vejo que ele não precisa de mais nada, está completo. Você é assim pra
mim.
Não sei se algum dia
eu te faça sentir isso, de você me olhar e constatar, e pensar olhando pra mim:
Nossa, como eu amo esse homem. E mesmo que
isso nunca aconteça, toda a minha vida eu vou querer continuar me esforçando pra
tentar te fazer sentir isso alguma vez, o que você faz acontecer em mim,
sempre, tão naturalmente.
Curitiba,
inverno de 2012.
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