terça-feira, julho 24, 2012

Coração em cima da mesa

Na partida não há choro, nem adeus,
Coração deixado em cima da mesa,
Como a pertences divididos na hora da separação,
Fui erro teu.

Passam-se dias dentro de um poço de vidro,
Noites entorpecentes a queimar como azia,
É clara a revolta dos destinos,
É claro o sorriso hepático da esperança.

Alguém está rindo por mim,
Cantarolando em teus pensamentos,
Surrupiando tentativas,
Velando por nós dois.

Não há quimera de perdão sequer,
Um resquício de uma vontade ensaiada,
Tua sentença é minha,
Minha impetuosidade é tua.

Neste processo de abstinência,
Teus cabelos enroscam em minha barba,
Teu perfume encontro a passear no corredor,
O andar da moça do 10º andar é teu.

Há um limite em meus pensamentos,
Tem um bloqueio de suspirações malogradas,
Tem uma fina relutância de teu orgulho de mulher,
Eu sei que é, eu sei...

Sempre amanheço no sofá da sala,
Ouço os pássaros em revoada,
Conto mais uma vez os azulejos da cozinha,
Levanto, saio e bato a porta. 

Esqueço as chaves e o coração despedaçado em cima da mesa.

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