No
catre cerrado, revelam-se todos os teus mistérios,
As
chaves são aceitas e teus cadeados destravados,
Por
quanto tempo, agora não importa,
É
possível sentir a brisa que vem da janela do teu corpo.
Abro
uma cortina e a tua alma semisolta,
Faz-me
constatar a conspiração dos nossos acasos.
No
impasse do tempo:
A tua
boca revela-se;
Os teus
olhos me buscam;
Tuas
mãos são minhas cúmplices;
E o teu
corpo responde ao meu tato.
A tua
maquiagem borrada grita o meu nome,
Desenho
os teus ombros,
Enquanto
sinto o frescor do teu banho,
Enquanto
os teus olhos me suspiram,
Eu acho
o caminho que nunca trilhei mas já o sabia,
Enquanto
tua boca ávida me procura.
Teus
olhos me contam tua história,
Imprecisa.
Deflagra e elimina minha experiência,
De ter
vivido um amor que nunca existiu,
De
viver uma vida que nunca foi tão viva.
Meu
mundo era um poema inacabado:
De
estrofes decaídas;
De
rimas falhas;
De um
amor já velho e amputado;
Compactuando
com uma conjuntura arcaica e obsoleta.
Eu que nunca
fui dono de mim.
A
madrugada é o teu leito. Dormes inerte,
Mas
percebes que levanto a todo instante,
Estás
desarmada e mesmo assim me deixas te ninar.
Velo o
teu sono, te aproveito inconsciente,
Com a
alma prestes a ebulir
o
sangue e hálito de cigarro barato,
Faço-te
juras de amor
que
nunca saberás que fui eu que proferi.
O anjo
o qual pedi para levar tais juras
E
registrá-las na página de recortes da tua vida,
Perguntou-me
se eu tinha certeza disso,
E foi
simples por entre o meu divagar que lhe respondi:
__De amor, meu caro,
sempre se morre.
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