quarta-feira, junho 27, 2012

O tal esperado.


Lá vem você...
Como se eu fosse acreditar que é por acaso,
E esbarra em mim, traça o meu olhar inundado,
Chuta meu nome no universo em retraso,
Desapercebeu-se e me reconheceu sem ter planejado.

Quando mais meu coração se encontra desapercebido,
E minhas mãos se encontram dentro dos meus bolsos,
Meu peito é fonte de calmaria e abstido,
No descaso descansava em meus pensamentos sem alvoroço.

Lá vem você...
Porque sabe que meu peito clama por ti baixinho,
E o meu corpo fremente desesperado procura te encontrar,
Numa imensidão de sonhos silentes e em desalinho,
Sem saber, sem sorver, mas também sem duvidar.

Por que tais olhos teus também são encobertos?
De imensidão desacreditada e longínqua esperança,
A boca reza teus trêmulos sussurros prediletos,
Enquanto na carne mão aflita crava as unhas feito lança.

Por que tal coisa, de norte, leste e vento sul desesperança,
Saem de tuas vestes tinta borrada de choro e tecido do mundo?
E escorrem pelos teus olhos feito perdida terna criança,
E faz com que o destino me aplique a pena como a um vagabundo.

Lá vem você...
E me negas, como a um injuriado negando sua culpa real,
Tanto é teu nome que marca minha pele, que entardeço,
E um tiro na (da) tua boca me acerta a fortaleza banal,
E congelado nas imensidões além dos muros esmoreço.

Lá vem você,
Mas eu já o sabia, essa ilusão de querer muito mais,
E no vinho procurar o gosto amargor do teu rosto,
E o teu nome avistar estendido nos varais,
Para o meu cantar virar solidão de desgosto.

É chegada a hora em que o fim me engana a recomeçar,
Um banco de museu é o nosso cúmplice e nosso cupido,
Teu olhar longe, ao infinito Jorge Amado a testemunhar,
Mãos perdidas como no escuro de uma cena cinema paradiso.

Lá vem você...
E já não me parto, debato ou sinto a dor pulsar fremente,
Teus beijos me doem mais, tua alma me fascina mais,
O alvoroço em meu corpo é de te roubar pra mim eternamente,
Desatracar do porto-solidão e me perder sem ter cais.

Lá vai você,
Eu sei o que vais dizer, o que tens medo de pensar,
Mas mesmo assim, eu te admiro como a um talho de fino mármore,
E essa força descomunal me faz cortado e sangrando mais te desejar,
Nos teus lábios com minhas lágrimas te marcar meu sabor acre.

Se um dia você for embora, que seja no silêncio da madrugada,
Não quando a cotovia canta para que eu acorde,
Nem quando o vento assoviar na beira da estrada,
Vais na hora do choro do meu silêncio que te dará suporte.

Mas lembra...
O que foi nosso, e se fez numa magica jornada,
Nunca será apagado das minhas mãos, do teu corpo...
Nem quando estiveres de outro, assumida a amada,
Nem quando esqueceres dos meus versos, o salobro gosto.

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