Ao tíbio clarão da lua,
Bebo da água-tofana que me resta gota,
De uma miséria perene e triste, infame nua,
E que regurgita a tísia galopante do peito fraco.
Corre o frio nas vestes que se desbotam,
Trôpego, a correr por entre os enlevos que o caminho
esconde,
Desfaça-se a alcova com que me prendias nas noites de amor!
A lua sem teu sorriso prende-se na amargura do meu pavor.
Como amar sem ser amado?
A sentir a dor da alma enlameada,
A correr pelos caminhos do espinhal,
A cair sobre a tumba do mal da estrada.
Evoé!
Tornar a taça quente de vinho amargo,
O gosto impregnado no suor do corpo aflito,
Correr com os pés de vassalo,
Debater-se com alma e corpo em conflito.
O que era o amor senão o teu escárnio?
Senão a fria tangente lança cravada no peito meu,
Que moldava, ampliava a ferida a gangrenar,
Marcando-me, arfando, andando a tuna!
...
E fui por entre a beira do rio a chorar,
A pensar no amor que nunca existiu num peito sedoso,
O momento para ti era venturoso,
E eu febril correndo para a morte me entregar!
Evoé!
Tornar a ultima taça da vinagreza,
Seca a boca tácita,
Sorve as lágrimas parcas,
O amor era feitiço, a sombra da noite sem luar!
Não me jures mais, são impropérios,
Cobre a boca com um véu,
Não entoe nem regozije a minh’alma,
Deixa-me morrer em paz, estranha moça.
Dá-me esse regalo!
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