Lá vem
você...
Como se
eu fosse acreditar que é por acaso,
E
esbarra em mim, traça o meu olhar inundado,
Chuta
meu nome no universo em retraso,
Desapercebeu-se
e me reconheceu sem ter planejado.
Quando
mais meu coração se encontra desapercebido,
E
minhas mãos se encontram dentro dos meus bolsos,
Meu
peito é fonte de calmaria e abstido,
No descaso
descansava em meus pensamentos sem alvoroço.
Lá vem
você...
Porque
sabe que meu peito clama por ti baixinho,
E o meu
corpo fremente desesperado procura te encontrar,
Numa
imensidão de sonhos silentes e em desalinho,
Sem
saber, sem sorver, mas também sem duvidar.
Por que
tais olhos teus também são encobertos?
De
imensidão desacreditada e longínqua esperança,
A boca
reza teus trêmulos sussurros prediletos,
Enquanto
na carne mão aflita crava as unhas feito lança.
Por que
tal coisa, de norte, leste e vento sul desesperança,
Saem de
tuas vestes tinta borrada de choro e tecido do mundo?
E
escorrem pelos teus olhos feito perdida terna criança,
E faz
com que o destino me aplique a pena como a um vagabundo.
Lá vem
você...
E me negas,
como a um injuriado negando sua culpa real,
Tanto é
teu nome que marca minha pele, que entardeço,
E um
tiro na (da) tua boca me acerta a fortaleza banal,
E
congelado nas imensidões além dos muros esmoreço.
Lá vem
você,
Mas eu
já o sabia, essa ilusão de querer muito mais,
E no
vinho procurar o gosto amargor do teu rosto,
E o teu
nome avistar estendido nos varais,
Para o
meu cantar virar solidão de desgosto.
É chegada
a hora em que o fim me engana a recomeçar,
Um
banco de museu é o nosso cúmplice e nosso cupido,
Teu
olhar longe, ao infinito Jorge Amado a testemunhar,
Mãos
perdidas como no escuro de uma cena cinema paradiso.
Lá vem você...
E já
não me parto, debato ou sinto a dor pulsar fremente,
Teus
beijos me doem mais, tua alma me fascina mais,
O
alvoroço em meu corpo é de te roubar pra mim eternamente,
Desatracar
do porto-solidão e me perder sem ter cais.
Lá vai
você,
Eu sei
o que vais dizer, o que tens medo de pensar,
Mas
mesmo assim, eu te admiro como a um talho de fino mármore,
E essa força
descomunal me faz cortado e sangrando mais te desejar,
Nos
teus lábios com minhas lágrimas te marcar meu sabor acre.
Se um
dia você for embora, que seja no silêncio da madrugada,
Não
quando a cotovia canta para que eu acorde,
Nem
quando o vento assoviar na beira da estrada,
Vais na
hora do choro do meu silêncio que te dará suporte.
Mas
lembra...
O que
foi nosso, e se fez numa magica jornada,
Nunca
será apagado das minhas mãos, do teu corpo...
Nem
quando estiveres de outro, assumida a amada,
Nem
quando esqueceres dos meus versos, o salobro gosto.