segunda-feira, maio 06, 2013

Passionata difusa.


Eu poderia te escrever o mais lindo poema de ser lido,
E este, ser declamado por bocas transloucas em palanques ou mesas de bar, nas esquinas, pichado, riscado pelas muretas, por grogues e loucos afoitos que só sabem dizer que só querem amar.

Eu poderia te escrever o mais lindo poema de ser lido,
banido de casas de família, excomungado das igrejas, venerado pelos descrentes, bajulado por iconoclastas, invejado e suspirado por transgressoras meninas hardcoreanas sonhadoras detentoras de corpos bandidos despidos.

Eu poderia te escrever o mais lindo poema de ser lido,
Compor, solipsificar teu nome em meus poros, e pregá-lo em porta de faculdades, apostatá-lo em altares de capelas, impregnar mentes de garotinhos cafajestes indecentes a seduzir menininhas no banheiro na hora do recreio.

Eu poderia te escrever o mais lindo poema de ser vivido,
Nos becos dos portos, nos úmidos varais cheios de roupas íntimas que tentam esquecer a indecência do amor profano, e disseminá-lo nos gemidos das ruas cafetinas que insistem em me dizer dos teus olhos de mel, passionata difusa nos umbrais.

Eu sei, eu o sei, se sei... bem sei:
Eu poderia te inventar o mais lindo poema de ser lido,
Só para te dar, eu. Só para te ver chorar, eu. Só para te ver sentir e ranger os dentes, eu.

Só para te ver usurpar sinonímias castas e arredias, o semblante mudar, e tua falar tremular na ponta precipício da tua língua, eu.
Só para te ver se despir, e se vestir, se nutrir de versos incompletos, e repletos de nobres cacoetes, eu.
E te ver despida, frágil, um inocente coelhinho felpudo desamparado pela mamãe, encurralado por um perverso lobo faminto, eu.

Deus do céu...
Eu acho que deveria te escrever o mais lindo poema de ser lido!
Eu bem sei que não o escrevi, mas eu sou poeta e você também é louca..., e continuaremos a tentar, e nós nos amamos, eu te amo, em alvoroço, bem louco.

Se eu ainda não te toco, verdadeiramente, sou teu cão-guia cego e manco, caneta pérfida, tinta borrada,
Mas sim, bem que eu queria poder te escrever o mais lindo poema nesse dia.

Na falta, toma esse borrão coração que rouco se prostra a teus pés. Então.

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