Às vezes... Não, às vezes não. Sempre que eu penso em quanto tempo
juntos iremos ficar eu penso em Khronos. Se esse deus, senhor dos tempos
poderia me ajudar. E quando tudo fosse se finalizar, eu o invocasse e ele me
desse novamente o tempo em que eu tive você em meus braços. Essa ânsia de
querer saber quando se iniciará a dor, já é sentir a dor, isso não é bom, mas
eu não consigo evitar. Quero-te
perto, sempre, e por mais que estejamos juntos, dormindo quase todos os dias
juntos, passando finais de semanas inteiros juntos, indo para a faculdade
juntos, indo embora para casa juntos, ainda assim eu não me canso e minha fome
de tua presença não sacia. É incomensurável a vontade que eu sinto de você. E
eu me pergunto: -- será que isso vai passar? Será que isso que eu sinto é tão
forte e estrondoso, mas rápido e cessante como o explodir de um trovão? Nem!
Acredito que não. Esse medo e insegurança são por causa de meu amor por você
ser imenso ao ponto de quase me engolir por inteiro. Essa curiosidade
desgastante é por querer que esse dia nunca chegue e não há hipótese crível de
ele em um tempo qualquer chegar. É apenas um temor por saber que o que sentimos
é tão único e aconteceu de maneira tão inusitada e cinematográfica que assim
como começou poderá um dia acabar. Normal, vida. Eu creio que precisamos (eu)
mesmo sentir esse medo constante, alimenta minha perseverante dedicação a você,
não me acomodar, e não esquecer que o amor se alimenta de pequenas coisas que
se tornam enormes ao coração.
O que eu quero é que você nunca se aparte de mim, nem por um só
segundo. Confesso que eu achava que iria ser diferente, agir diferente. Mas me vejo
sempre com as mãos suando, enfiadas nos bolsos somente para disfarçar meu
nervosismo de saber que a qualquer momento aqueles lindos olhos, sim, aqueles
lindos olhos cor de mel, fonte de meu desejo apareçam lá na esquina. Eu tenho
um poema que tenho que escrevê-lo a partir do que você escreveu naquela folha
amarela... Eu não consigo terminá-lo. Não fica braba comigo, mas eu acho que eu
nunca conseguirei terminá-lo, ficarei mexendo nele por muito tempo, porque é assim
o nosso amor, que escrevemos cada página, um borrão, um novo tema, uma inovada
estrofe, e mais um verso, e mais uma infinidade de exclamações e interrogações...
Usamos, usamos, desgastamos, surramos, chacoalhamos, espancamos, esfolamos,
asfixiamos, mas mesmo assim, logo, de repente, tá lá o filho da mãe renovado, batendo
no peito e pronto para outra, e cada vez mais forte. Sei lá, o nosso amor é um mutante,
tipo Wolverine que se machuca e logo cicatriza e desaparece o machucado em frações
de segundo, sabe?! O amor é isso, um mutante filhodamãecachorrodosinfernos.
Diante desse medo, eu tenho para mim que um dia a nossa história vai acabar,
e nós dois saberemos quando acontecer, mas enquanto isso, eu prefiro não pensar
nem indagar a Khronos quando isso vai acontecer, e me vem no mesmo instante eu
duvidar que nossa história assim se interrompa. Meu, eu te quero sempre, para toda
a vida. Eu te quero mesmo eu sabendo que a minha vida está quinze anos à frente
da sua e que isso possa eu roubar a tua chance de ser de alguém no hábil tempo
em que tu irás viver. Eu te quero mesmo já de barba branca sentado numa
cadeira, estático, olhando no fundo dos teus olhos querendo saber quem são aqueles
olhos lindos cor de mel que brilham e me dão tanta atenção.
Eu te quero mesmo que não te reconheça um dia, que as tuas mãos lindas
e lépidas aterrissem no meu rosto, e esse teu sorriso de boca de menina paire
nas minhas até então fracas moribundas memórias. Entende? Mas eu quero crer e
luto para fazer a minha verdade ser a tua verdade, a nossa verdade. Creio que
sei quando isso vai cessar. Isso não vai cessar nem com barba e memória brancas,
isso não vai cessar nem que me tirem abruptamente de perto de você e me façam
experimentos em meu cérebro e reimplante novas lembranças e me isolem embaixo
de uma árvore petrificada no morro dos ventos uivantes. Certamente lá o vento
cantará no vão das pedras teu nome e eu lembrarei dos teus olhos e gritarei o
teu nome para que nas mais remotas torres, ouvidos me escutem e teu nome vire
estória de menestréis.
Somente quando eu morrer há de cessar em mim o que se torna, hoje, tão
vivo e claro. Esse canto, esse amor que não se encontra em qualquer peito.
Somente no passar de minha alma para outra dimensão, e mesmo assim, meu amor,
tudo o que se faz nos cosmos e no universo não me surpreenderá se conspirarem
para que perto de ti eu fique, nas mais ternas alegorias de me fazer nunca
esquecer o teu amor, teu rosto, os teus olhos, o teu nome, tua marca em mim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário